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Treino

Quão Higiénico É O Teu Ginásio?

Quão Higiénico É O Teu Ginásio?
Tatiana Fernandes Coelho
Escritor4 anos Atrás
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Se sentes receio de apanhar alguma coisa, podes sentir dúvidas quanto ao lugar onde passas tanto tempo: o ginásio. Com tantas outras pessoas a tocar, suar e pingar sobre todas as superfícies, será realmente possível evitar doenças quando fazes exercício?

Examinámos a questão de quão higiénico um ginásio pode efetivamente ser e do que podes fazer para evitar problemas.

 

A importância da higienização dos equipamentos de treino

Os espaços de treino, quer sejam ginásios, academias ou boxs, são ambientes naturalmente propícios à proliferação de bactérias, vírus, fungos e outro tipo de agentes patogénicos, devido às condições de calor e humidade. Apesar de alguns germes serem claramente inofensivos, outros há que podem causar algumas patologias mais complexas e potencialmente graves, sejam elas do foro respiratório, dermatológico ou gastrointestinal.

Nos últimos anos, foram realizados alguns estudos que avaliaram a higiene dos equipamentos presentes em espaços de treino e os dados obtidos reforçam a necessidade de uma vigilância constante e de critérios de higienização mais apertados, por parte dos proprietários. Um destes estudos verificou que os pesos livres tinham 362 vezes mais germes que o assento de uma sanita, que os colchões tinham 74 vezes mais bactérias do que uma torneira de um sanitário público e que as bicicletas estáticas tinham 39 vezes mais bactérias do que um tabuleiro usado numa praça de alimentação. É assustador, não é?

De facto, mesmo que os espaços de treino cumpram todos os critérios e a periodicidade dos procedimentos de higienização, é difícil manter os equipamentos perfeitamente limpos e asséticos. Para reduzir a contaminação dos espaços de treino, os hábitos de higiene devem ser sempre uma prioridade e uma iniciativa também dos próprios utilizadores, pois num curto espaço de tempo várias pessoas fazem uso de um mesmo equipamento, havendo contaminação pelo toque, pela saliva, pelo suor, etc. Neste perspetiva, é crucial que todos os frequentadores tenham consciência da sua responsabilidade em manter os equipamentos minimamente limpos para si e para os outros.

Neste artigo vamos dar-te algumas informações e dicas para saberes como agir e como te proteger.

 

 

Quais são os riscos efetivos?

Nos espaços públicos e de uso comum, incluindo nos ginásios, há diferentes microrganismos que podem proliferar facilmente se não forem tidos os cuidados de higiene necessários, quer por parte dos atletas quer por parte dos clubes. Entre os patogénios mais comuns podemos encontrar:

- Bactérias como a Staphylococcus aureus (que causa afeções da pele), a Staphylococcus saprophyticus (responsável por infeções do trato urinário), a Salmonella enterica (que causa gastroenterites), Streptococcus pneumoniae (causadora de pneumonias) e a Escherichia coli (presente normalmente na flora intestinal mas que causa diarreias se contaminar o trato digestivo superior);

- Vírus como o Influenzavirus (transmitido através do ar e que causa as gripes comuns) e o Rhinovirus (responsável por constipações e afeções do trato respiratório superior);

- Fungos como o Trichophyton, o Microsporu e o Epidermophyton (causadores de vários tipos de micoses na pele), o Tinea cruris (responsável pela tinha na região das virilhas), o Tinea pedis (que causa o conhecido pé-de-atleta), o Tinea capitis (responsável pela tinha do couro cabeludo) e Tinea unguium (que provoca micose nas unhas dos pés e das mãos).

Embora estes microrganismos tenham biologias diferentes, os meios de transmissão são semelhantes e podem ser disseminados quando as pessoas tocam nas mesmas superfícies e depois levam as mãos à cara (principalmente à boca) ou pela inalação de gotículas produzidas pelos espirros e pela tosse.

O cenário parece pouco animador, mas, na verdade, os nossos corpos convivem muito confortavelmente com microrganismos de todo o tipo, normalmente com poucas ou nenhumas implicações negativas para a nossa saúde, graças à ação eficaz das nossas células imunitárias. Só porque há contacto com um micróbio não significa que vás adoecer.

Para além disso, estes agentes patogénicos são facilmente destruídos e eliminados com procedimentos básicos de desinfeção e higienização, quer na nossa própria pele quer nas superfícies em que tocamos.

Manter hábitos de higiene pessoal regulares e manter os equipamentos de treino limpos e desinfetados ajuda, sem dúvida alguma, a minimizar ainda mais o risco de contaminação e propagação.

 

O que podes fazer para contribuir?

A primeira dica e também a mais importante é: se te sentes meio adoentado, tira alguns dias de folga do ginásio, para não colocares os teus companheiros de treino em risco e para não piorares a tua condição.

Na tua rotina diária deves incorporar hábitos e cuidados básicos, que ajudam a minimizar a propagação de germes, de ti para os outros e dos outros para ti, e a prevenir que fiques doente. Entre eles estão: tomar banho diariamente, manter as unhas curtas e limpas, lavar as mãos regularmente com bastante água e sabão (desinfetar, se necessário, com álcool etílico acima dos 74%), escovar os dentes após as refeições, manter uma alimentação saudável, escolher alimentos e suplementos que ajudem a reforçar as defesas do teu corpo e treinar com regularidade.

No ginásio e em ambientes de uso comum, como não é possível evitar por completo a exposição a micróbios, habitua-te a desinfetar todas as superfícies e a lavar as mãos antes e depois de usares os equipamentos de treino.

Grande parte dos ginásios já dispõe de toalhas de papel descartáveis e pulverizadores com desinfetante adequado, para que possas limpar todas das superfícies e as tuas próprias mãos. Na eventualidade do teu não ter, arranja o teu kit pessoal de desinfeção… bastam uns toalhetes e um spray de álcool, que podes facilmente colocar no teu saco de treino.

Leva também sempre contigo uma toalha de treino, para colocares sobre as superfícies antes de te sentares ou deitares – minimiza o contacto direto entre a tua pele e os equipamentos. O uso de luvas também é indicado para proteger as tuas mãos nos exercícios com grip. Durante o treino, evita o contacto das tuas mãos com a boca, nariz, olhos, etc..

 

Mensagem Final

No que respeita à propagação de germes e doenças facilmente transmissíveis por contacto social, tens que pensar em ti e nos outros e assumir que os outros podem não pensar em ti. Habitua-te a limpar os equipamentos de treino, antes e depois de os usares, e lava bem as mãos antes e depois dos teus treinos.

Usares as dicas que te demos neste artigo é uma forma fácil e eficaz de reduzires o risco de espalhar ou contrair doenças. Stay safe!

 

 

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Os nossos artigos têm propósitos unicamente informativos e educativos e não devem ser usados como conselho médico. Se tem alguma preocupação, consulte um profissional de saúde antes de tomar suplementos nutricionais ou introduzir quaisquer alterações significativas na sua dieta.

Tatiana é Doutorada em Ciências Médicas e da Saúde, pela Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra, tendo, ao longo da sua carreira de investigação científica, sido autora de artigos académicos publicados em revistas internacionais, na área da Genética e da Biologia Molecular.

A sua experiência como Técnica Especialista em Exercício Físico e Coach L-1 de CrossFit, potencia a sua paixão por todas as vertentes da otimização da performance atlética na prática desportiva, tendo, inclusivamente, escrito alguns artigos de revisão sobre a influência do background genético na performance e resistência físicas, na adaptabilidade ao treino e na resposta fisiológica à nutrição e suplementação desportivas.

Mais informações sobre Tatiana Fernandes Coelho: LinkedIn, ORCID e PubMed.

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