A Importância Dos Espaços De Fitness LGBTQ

James Kearslake, fundador da LGBTQ Wellness, uma organização destinada a apoiar a comunidade LGBTQ nas questões relacionadas com a saúde mental, está empenhado em criar espaços de treino seguros, nos quais as pessoas LGBTQ possam usufruir de modalidades de condicionamento físico, como forma de lidarem com os problemas de saúde mental.
O que é a LGBTQ Wellness?
“Não somos terapeutas nem conselheiros e não fornecemos medicamentos. Esta abordagem pode ser uma ajuda, mas nós pretendemos dar às pessoas um propósito adicional, criando espaços que permitam que elas se sintam seguras. Assim sendo, mesmo que a sua saúde mental esteja menos bem, podem fazer, por exemplo, as nossas aulas de ioga ou de spinning, e não precisam de mais nada. Basta apenas sentarem-se e ficarem cheios de energia.”

“A formatação que recebemos desde muito cedo é que somos diferentes e não somos como toda a gente. E embora tenhamos mais direitos hoje em dia, ainda existe uma crença profundamente enraizada de que estamos errados e de que não somos normais. Está demasiado intricado na comunidade, a um nível muito profundo.”
“É preciso começar a ensinar as pessoas a terem um relacionamento saudável com a estranha cultura que criámos.”
Como é que a atividade física pode ajudar?
“Nós, gradualmente, convencemos as pessoas a fazerem exercício físico e a sentirem-se bem – e logo a seguir começam a reparar no resto do trabalho que fazemos, o da saúde mental, do bem-estar e do autocuidado. As pessoas dizem: 'Oh, há aqui mais qualquer coisa'. O condicionamento físico é o primeiro bloco de construção e, em seguida, avançamos mais um pouco.”
A LGBTQ Wellness oferece uma ampla variedade de aulas, desde o ioga ao spinning, para disponibilizar o máximo de opções possível. Pela sua experiência pessoal, James acredita que fazer spinning é uma forma de diversão e de libertação, enquanto que o ioga é mais sobre introspeção e autocuidado.

Porque é que os espaços de treino especializados são importantes para a comunidade LGBTQ?
“Os gays e cisgénero têm balneários onde geralmente se sentem confortáveis. Mas a barreira mental que construíram, por terem passado toda a vida a sentir que não se encaixam, é inerente ao ser humano. É preciso que superem esta insegurança.”
“As dificuldades são maiores para estes membros da comunidade, uma vez que muitos deles vivem com uma disforia de género fundamental somática. Razão pela qual desenvolvem uma espécie de desconexão com o próprio corpo. Para além disso, não existem balneários específicos para estas pessoas. Uma pessoa transgénero em transição, ou um homem transgénero que não esteja em transição, se estiver a usar uma faixa de contenção, vai imediatamente sentir-se constrangido, pois pensa que toda a gente irá olhar. Isto é motivo suficiente para o fracasso, logo desde início.”
“Tentar encorajar as pessoas a aderirem ao ginásio, quando a sua preocupação é a de não se misturarem, é difícil. Assim, criámos um espaço para treinarem e para lhes apresentar. Muitas pessoas já conseguiram inscrever-se no ginásio e treinam por conta própria. É isso que queremos.”
Que mais podem os ginásios fazer pela comunidade LGBTQ?
“Cativar as pessoas LGBTQ não passa apenas pelo condicionamento físico. Existem barreiras que é preciso superar para que as pessoas se sintam bem-vindas. Não basta apenas colocar uma bandeira de arco-íris numa aula e achar que isso leva as pessoas até a porta.”
Ioga com a LGBTQ Wellness
James teve essa experiência em primeira mão, quando tentou encontrar um espaço para alojar as aulas da LGBTQ Wellness, percebendo que alguns espaços nem sequer respondiam aos seus pedidos. Felizmente, a organização encontrou um lar no Kings Street Gym, que fez um esforço ativo para criar um ambiente acolhedor para todos.
“Este ginásio é extremamente receptivo e inclusivo. A sua equipa fez um esforço ativo para o tornar num espaço seguro para pessoas LGBTQ, no exato momento em que entram na porta. Eu acho isso admirável. E eu não tive isso em todos os espaços.”
Tivemos a oportunidade de testemunhar o excelente trabalho que James e a organização LGBTQ Wellness fazem, quando decidimos estar presentes na aula de ioga de terça-feira à noite. A aula começou com uma troca de palavras estimulante com o instrutor Trevor, que deu oportunidade para os alunos regulares conversarem e os alunos recém-chegados se sentirem confortáveis no novo ambiente.
“Quero garantir que isto é divertido, prazeroso e desafiador ao mesmo tempo. Celebrar o amor, celebrar o movimento, celebrar a forma como nos integramos. Nós reunimo-nos apenas duas vezes por mês, pelo que, quando estamos juntos, quero que seja agradável para todos.”

Estes espaços seguros funcionam?
“As pessoas estão muito gratas pelo que criámos para elas. Agora elas também fazem parte desta jornada e também a apoiam - todos dão o seu contributo para a impulsionar e a fazer acontecer.”
“Não há uma semana em que eu não receba mensagens de pessoas a dizer: “O que estás a criar acabou de mudar a minha vida”. Eu criei porque as pessoas precisavam disso.”
Se precisares de um conselho…
“Posso dar a minha palavra em como há sempre um caminho para alcançar a boa forma física e o bem-estar. Não importa a luta individual ou a dúvida que estejas a enfrentar em relação à tua identidade sexual ou de género - seja ela mental, física ou por falta de um espaço para treinar - há sempre forma de podermos lutar. Só precisas ganhar coragem para o fazer. E se precisares de alguma coisa, eu posso ajudar-te ao longo do caminho.”
Mensagem Final
James sabe disso melhor que ninguém, pois conhece em primeira mão de que forma o condicionamento físico pode ajudar a salvar a vida das pessoas LGBTQ. Se quiseres entrar em contato com o James ou com a organização LGBTQ Wellness, podes fazê-lo através do site da LGBTQ Wellness ou na página do Instagram.
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