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Nutrição

Como Ganhar Volume Depressa: conforme demonstrado pela ciência

Como Ganhar Volume Depressa: conforme demonstrado pela ciência
Alice Pearson
Nutricionista Associada Registada4 anos Atrás
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Primavera, verão, outono e estação de ganhar massa – é isto, não é? Bem, é assim que funciona para muitos entusiastas do fitness, que tiram proveito destes meses para ganhar alguma massa e aumentar o volume.

Os seres humanos gostam, em geral, de comer – e consequentemente, a maioria de nós poderá apreciar bastante que uma parte de ganhar volume envolva ‘comer à fartazana’. E sim, se aumentares o consumo de calorias sem carregar no cardio, vais ganhar peso; mas será toda a questão do ganho de volume assim tão simples?

Vamos dar-te alguns conselhos sobre como ganhar peso da forma correta – isto é, visando a maximização dos ganhos de músculo e a minimização de ganhos de gordura. Portanto, se pensavas que a ementa ia ser pizza, batatas de pacote e gelado – pensa melhor!

 

Neste artigo, encontrarás:

Como comer para ganhar massaComo treinar para ganhar massaRecuperar para ganhar massaDormir para ganhar massa

 

 

Levantamento Terra (Deadlift)

1. Dá combustível ao teu treino

Imagina que tinhas acabado de entrar no carro, prestes a partir rumo a uma extraordinária aventura. Digamos que esta aventura só te levaria à esquina da rua – precisarias de apenas um pouco de combustível para chegar lá. E se tivesses que atravessar o país? Precisarias do depósito cheio para fazer a viagem. Ou, se te esquecesses por completo de meter gasolina, acabarias por abandonar o carro e passar um dia pouco aventuroso a amuar a um canto.

Já saberás aonde queremos chegar com isto – tu és o carro, o combustível é a comida e a viagem é o treino. Mas como deves comer quando queres ganhar volume?

 

Como devo comer para ganhar volume depressa?

Como dissemos, ganhar massa não é uma desculpa para exagerar na comida de plástico – mantém uma dieta limpa para ganhos limpos. Estamos a falar de fontes de proteína de boa qualidade, como frango, peixe, ovos e iogurte simples – estes alimentos são ricos em aminoácidos essenciais, que são necessários para desenvolver novas proteínas musculares.1

O aminoácido considerado mais importante para o desenvolvimento muscular é a leucina, um aminoácido de cadeia ramificada. A leucina é o melhor estimulante da via metabólica que leva à produção de novas proteínas musculares – é basicamente o ‘botão de ligar’.2 É recomendado que consumas 50 mg por quilograma de peso corporal de leucina diariamente, o que pode ser conseguido através de fontes alimentares (frango, atum e tofu são boas opções), ou através de um suplemento (a proteína whey tem o maior conteúdo de leucina).3

Também precisas de uma boa quantidade de hidratos de carbono para recuperar adequadamente do treino. Os hidratos de carbono são armazenados no corpo sobretudo na forma de glicogénio muscular e são a principal fonte de combustível usado durante o exercício. Depois do treino, as tuas reservas de glicogénio muscular precisam de ficar restabelecidas para garantir que estás a postos para a próxima sessão – comer hidratos de carbono é a forma de o fazer.4 Boas opções incluem:

• Massa integral • Arroz • Batata & batata doce • Pão integral • Aveia • Fruta

As gorduras são o macronutriente mais denso em energia, com 9 calorias por grama – mais do dobro das proteínas e hidratos de carbono. Portanto, aumentar a tua ingestão de gorduras é uma forma fácil de obter calorias adicionais e um balanço energético positivo. Mas isto também significa que é fácil exagerar e consumir demasiadas calorias de gorduras – o controlo das quantidades é essencial. Opta por ‘gorduras saudáveis’ (mono e poli-insaturadas), tais como:

• Frutos secos & manteigas de frutos secos • Sementes • Abacate • Óleos • Laticínios

Para além de tudo isto, não negligencies os micronutrientes – as vitaminas e minerais são essenciais para a saúde em geral, portanto certifica-te que comes uma boa variedade de frutas e vegetais.

Quando comer para ganhar volume?

Para ganhar volume e massa muscular magra, precisas de estar num estado de balanço azotado positivo – isto acontece quando a síntese (construção) muscular é maior que a degradação do músculo. Para que isto ocorra, deves tentar ingerir alguma proteína (cerca de 20 g) a cada 3-4 horas – as alturas-chave são o pequeno-almoço, depois do treino e antes de ires dormir.5 Isto pode compor-se de três refeições, com mais alguns lanches ou batidos nos intervalos.

Como dissemos, os hidratos de carbono são a principal fonte energética que o organismo usa para o dia a dia, assim como para o exercício físico, e, portanto, idealmente consumirias hidratos de carbono ao longo de todo o dia. Uma vez que desempenham um papel fundamental na recuperação pós-exercício – por restabelecerem as reservas de glicogénio muscular – é importante comeres hidratos de carbono depois do treino.4 Isto pode consistir simplesmente em beber um copo de leite, ou, melhor ainda, misturá-lo com um pó de proteína e assim tratar de dois objetivos nutricionais de uma assentada.

De qualquer modo, usa de bom senso no que toca ao consumo de hidratos de carbono e varia a quantidade dependendo do volume de treino realizado. Se é um dia de descanso, não precisarás de tantos hidratos de carbono (ou total de calorias), em comparação com um dia de treino intenso. Como regra geral, mantém a tua ingestão de hidratos de carbono em cerca de 3 g por quilograma de peso corporal em dias de repouso ou de treino leve (isto dá cerca de 240 g se pesares 80 kg, por exemplo), e aumenta esta quantidade para ir ao encontro das demandas do teu treino.6

Regista o teu progresso e vai observando como o teu corpo responde à comida que ingeres, mas lembra-te que ganhar volume não é uma corrida.

Como ganhar volume depressa com suplementos

Os suplementos não são essenciais para ganhar volume, mas podem tornar o processo mais fácil. São convenientes para quando estás numa azáfama ou em deslocação, permitem-te atingir facilmente os teus objetivos nutricionais e são rápidos quando não tens tempo para cozinhar! No que diz respeito ao ganho de volume, são estes os melhores suplementos para experimentar:

Pós de proteína – de whey, caseína, soja, ervilha, etc.Barras proteicasCreatinaLeucinaGainers (aumentadores) de peso (misturas de hidratos de carbono e proteínas)Cafeína – como estimulante antes do treino

 

 

chin-up Elevação na Barra Fixa

2. Treinar para ganhar volume

Agora que já considerámos a parte da dieta, e quanto ao treino? É recomendado variares os treinos para o corpo não se acostumar a fazer sempre a mesma coisa. Dar aos músculos um novo estímulo, mudando o tipo de exercício, ou a sua intensidade ou duração, vai forçá-los a adaptarem-se, a evoluírem e a crescer.

Conheces a sensação de treinar um músculo que já te esqueceras que tinhas e, no dia seguinte, senti-lo em fogo? Bem, notarás provavelmente que, da próxima vez que treinares esse músculo, não ficará tão dorido depois – isto deve-se a “adaptações ao treino” e é importante durante o ganho de volume.

Com isso em mente, aqui vão alguns exercícios excelentes para fazer crescer os músculos – lembra-te de ires variando:

• Levantamentos compostos (agachamentos, levantamentos terra, supino) • Exercícios com pesos • Calisténicos (elevações na barra, flexões, tríceps na cadeira, etc.) • HIIT (high intensity interval training – treino intervalado de alta intensidade) • Cardio de estado estacionário

Sim, leste bem. O cardio é importante para a manutenção da saúde cardiovascular e condição física em geral, por isso, mesmo quando estás a ganhar massa, deves tentar encaixar algumas sessões todas as semanas. No entanto, nada de exageros. E o cardio pode queimar muitas calorias, portanto não descures uma alimentação adequada.

 

3. Recuperar adequadamente

Podes pensar que “quanto mais treinar, mais ganhos”. Isso é uma falácia. Na verdade, não recuperar adequadamente do treino, ou “sobre-treinar”, pode prejudicar o teu progresso.

Quando executas treino de força, as fibras musculares são danificadas – são esticadas, rompem-se e desmantelam-se. É durante o processo de recuperação que os músculos são reparados e reconstruídos – para crescerem maiores e mais fortes – o que torna a recuperação depois do exercício fundamental para o sucesso no ganho de volume.7

A maioria de nós associa o ganho de volume com o levantamento de mais peso ou o aumento do número de repetições: sessões de treino mais duras para obrigar os músculos a crescer. Mas uma recuperação deficiente pode impedir que isto aconteça.

Num estudo com indivíduos do sexo masculino experientes em treino com pesos, nenhum deles conseguiu atingir o seu máximo para 10 repetições (o peso máximo com que conseguem fazer 10 repetições) em 8 exercícios após apenas 24 horas de recuperação. Mesmo depois de 4 dias de descanso, só 80% dos participantes conseguiu atingir o seu máximo para 10 repetições.8

Dá a ti mesmo alguns dias de repouso antes de treinar o mesmo grupo muscular para colheres na plenitude os frutos do teu trabalho no treino. Adicionalmente, colocas-te em maior risco de lesão se voltares à carga demasiado cedo.

E claro, não te esqueças da nutrição – o ideal é restituir alguns hidratos de carbono aos músculos dentro de 30 minutos depois do treino. Quanto à proteína, tens uma janela de tempo mais ampla – as duas horas seguintes ao treino são a altura ideal para ingerir proteína, para favorecer o desenvolvimento dos músculos.9

 

4. Dormir – é importante

Dormir o suficiente é importante para a tua saúde e bem-estar em geral. Uma má noite de sono, ou horas de sono repetidamente insuficientes, podem ter efeitos negativos na tua função fisiológica e cognitiva – e também não ajudarão em nada o teu desenvolvimento muscular.10

Durante o sono sem movimento rápido dos olhos (NREM) — este decorre quando estás a dormir, mas não a sonhar — o teu corpo liberta a hormona do crescimento. Como o nome sugere, esta hormona está envolvida no crescimento e reparação de tecidos. Também liberta, durante o sono NREM, hormonas anabólicas (de ‘construção’), que impedem a degradação das proteínas musculares e te ajudam a manter o músculo existente.11

Enquanto estás a ganhar massa, é do teu interesse obter sono suficiente – um mínimo de 7 horas por noite – para garantir que há suficientes hormonas de crescimento e anabólicas (de desenvolvimento muscular) a influenciar os teus músculos.

 

Mensagem final

Ganhar volume é um processo mais complexo que simplesmente comer o que queremos, quando queremos. Para aumentar a nossa massa da maneira correta e obter os melhores resultados, temos que prestar atenção às coisas básicas. Segue estes passos, vai progredindo aos poucos, e descobre aonde a viagem te leva: há mais a ganhar que apenas massa muscular.

E para concluir, um resumo:

Treinar. Comer. Descansar. Dormir. Repetir.

 

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Traduzido por Hermano Moura

 

1 Tipton, K. D., Ferrando, A. A., Phillips, S. M., et al. (1999). Postexercise net protein synthesis in human muscle from orally administered amino acids. American Journal of Physiology, 276(4), 628-634. doi.org/10.1152/ajpendo.1999.276.4.E628
2 Ananieva, E.A., Powell, J.D., Hutson, S.M., (2016). Leucine Metabolism in T Cell Activation: mTOR Signaling and Beyond. Advances in Nutrition, 7(4), pp. 798-805. doi:10.3945/an.115.011221
3 Elango, R., Ball, R. O. & Pencharz, P. B. (2014). Tolerability of Leucine in Humans. Branched Chain Amino Acids in Clinical Nutrition, 3-13. doi.org/10.1007/978-1-4939-1914-7_1
4 Areta, J. L. & Hopkins, W. G. (2018). Skeletal Muscle Glycogen Content at Rest and During Endurance Exercise in Humans: A Meta-Analysis. Sports Medicine, 48(9), 2091-2102. doi.org/10.1007/s40279-018-0941-1
5 Areta, J. L., Burke, L. M., Ross, M. R., et al. (2013). Timing and distribution of protein ingestion during prolonged recovery from resistance exercise alters myofibrillar protein synthesis. The Journal of Physiology, 591(9), 2319-2331. doi.org/10.1113/jphysiol.2012.244897
6 Escobar, K. A., VanDusseldorp, T. A. & Kerksick, C. M. (2016). Carbohydrate intake and resistance-based exercise: are current recommendations reflective of actual need? British Journal of Nutrition, 116(1228), 2053-2065. doi.org/10.1017/S0007114516003949
7 Bishop, P. A., Jones, E. & Woods, A. K. (2008). Recovery From Training: A Brief Review: Brief Review. Journal of Strength and Conditioning Research, 22(3), 1015-1024. doi: 10.1519/JSC.0b013e31816eb518
8 McLester, J. R., Bishop, P. A., Smith, J., et al. (2003). A Series of Studies-A Practical Protocol for Testing Muscular Endurance Recovery. Journal of Strength and Conditioning Research, 17(2), 259-273.
9 Aragon, A. A. & Schoenfeld, B. J. (2013). Nutrient timing revisited: is there a post-exercise anabolic window? Journal of the International Society of Sports Nutrition,10(5). doi: 10.1186/1550-2783-10-5
10 Fullagar, H. H. K., Skorski, S., Duffield, R., et al. (2015). Sleep and Athletic Performance: The Effects of Sleep Loss on Exercise Performance, and Physiological and Cognitive Responses to Exercise. Sports Medicine, 45(2), 161-186. doi.org/10.1007/s40279-014-0260-0
11 Sassin, J. F., Parker, D. C., Mace, J. W., et al. (1969). Human growth hormone release: relation to slow-wave sleep and sleep-walking cycles. Science, 165(3892), 513-515. doi: 10.1126/science.165.3892.513

Alice Pearson
Nutricionista Associada Registada
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Alice Pearson é uma Nutricionista Associada Registada no UKVRN e consultora antidoping credenciada no Reino Unido, tendo obtido uma licenciatura em Nutrição e um mestrado em Nutrição Desportiva. Tem um interesse especializado no uso de suplementos desportivos para melhorar a saúde, condição física e desempenho desportivo. Alice tem experiência profissional tanto com amadores como com atletas de elite, incluindo dar apoio ao nível da nutrição ao Tranmere Rovers FC e ao Newcastle Falcons Rugby Club. As suas orientações nutricionais são sempre baseadas na investigação empírica, relativamente à qual se mantém atualizada através de um desenvolvimento profissional continuado e aprendizagem independente. No seu tempo livre, Alice gosta de viajar, ir ao ginásio e deixar-se prender por um bom livro. Descubra mais sobre Alice aqui.

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