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Treino

Jean-Pierre de Oliveira: do mundo empresarial a guru do yoga

Jean-Pierre de Oliveira: do mundo empresarial a guru do yoga
Bernardo Lourenco
Escritor6 anos Atrás
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Quem é Jean-Pierre de Oliveira ?

Uma das principais figuras do Yoga em Portugal junta-se à família da Myprotein com artigos, vídeos e tudo o que precisas para uma mente e corpo no máximo rendimento.

Vem daí, e conhece nesta entrevista o trabalho e projetos de Jean-Pierre de Oliveira, que tem vindo a atrair cada vez mais portugueses para o yoga, através da qualidade das suas aulas e de métodos inovadores, que poderás conhecer nesta entrevista exclusiva.

  1. O que o levou a deixar a sua carreira profissional para se dedicar ao Yoga a 100%?

Foi um processo gradual de mudança interior. Começou pela consciência de sentir que o stress e a ansiedade se tornavam modos de estar habituais.

Para além disso, sentia que esta pressão era algo normal para encontrar a motivação e a energia necessária ao cumprimento dos objetivos estabelecidos pelas chefias, com as suas formas de responsabilizar indiretamente os seus colaboradores subordinados pelo incumprimento de prazos e objetivos muito pouco realistas.

Foi sentir que a vida que levava não se adequava ao que desejava, ou seja, não se adequava aos meus padrões do que era ser feliz.

Porque, quanto mais sucesso profissional atingia, mais cansado e deslocado me sentia, sempre a tentar procurar mais e mais por fazer, sem nunca ficar plenamente satisfeito, sempre com uma sensação de vazio...

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Créditos: Pigmenta Fotografia

A minha vida era como a da maioria das pessoas, hiperativa, acelerada, e sempre à procura de mais adrenalina, à procura de experiências novas para dar sentido à vida, que deveria estar bem preenchida, para que valesse a pena.

A técnica de controlo dos pensamentos sugerida pelo yoga, leva‐me a ser uma pessoa mais atenta, comigo próprio e com os outros, criando relacionamentos mais saudáveis.

Estava sempre extremamente ocupado, até quando estava de férias, sempre a cumprir imperativos de calendário, porque não queria ter a sensação que estava a perder o meu tempo.

Tempo esse, valioso e sujeito aos erros da minha mente: acreditava que o facto de estar ocupado, é que dava conteúdo e valor à minha existência.

A minha vida era muita cheia, em muitos aspetos, mas, no fundo, deixava-me com um sentimento de grande vazio, com uma fome de viver, uma vida não plenamente satisfeita.

Quanto mais a minha agenda estava preenchida, mais descontente estava com a mesma e comigo próprio.

Esta consciência levou‐me a querer uma vida diferente. Encontrei as ferramentas necessárias a esta transição na filosofia e prática do Yoga.

Quando comecei a sentir melhorias, acabei por decidir dedicar‐me ao que me fazia bem e afastar‐me da carreira profissional que me estava a esgotar e desgastar.

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Créditos: Bruno Barata

2. Como colocou em prática na sua vida a máxima “Primeiro mudamos nós, depois mudamos o mundo”?

Conforme indicado na minha resposta à pergunta anterior, chegou um momento na minha vida em que senti e percebi que algo na minha rotina devia ser alterado porque estava continuamente insatisfeito e, inerente a este reparo, tinha percebido que nada podia fazer para mudar os outros, ou tentar resolver para melhor o mundo dos outros.

Foi o que me levou a considerar que a única coisa que eu podia fazer para não continuar neste modo de autodestruição, era de trabalhar e transformar a minha forma de pensar para lidar com o mundo à minha volta, aplicando alguns conceitos como os de aprender a travar a necessidade de avaliar tudo e todos.

No fundo é subjacente à nossa necessidade de controlo, criando uma sensação de segurança ilusória.

Todos temos o hábito de julgar rapidamente e quase sempre do ponto de vista da crítica (isto ou aquilo “poderia ser” ou “não está” assim….)  argumentando de forma puramente subjetiva.

Recondicionar a mente para aprender a ver as coisas do ponto de vista daquilo que queremos, para nos sentirmos bem, e não do ponto vista do que não gostamos e/ou que nos aborrece e deixa frustrados.

A técnica de controlo dos pensamentos sugerida pelo yoga, leva‐me a ser uma pessoa mais atenta, comigo próprio e com os outros, criando relacionamentos mais saudáveis.

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Créditos: Francisco Evangelista

3. Slow Living é o nome do seu livro? Como é que o yoga induz um estilo de vida mais calmo?

«Slow Living yoga» tem a ver com a forma de como é que podemos integrar a filosofia do yoga no nosso quotidiano e transformar a nossa vida.

Do que temos hoje para uma vida plena e positiva, sem continuar à espera de algo (uma pessoa ou o totoloto...) que nos dê o que precisamos ou procuramos para sermos mais felizes.

No livro, explico como a filosofia do yoga pode ser abordada de forma muito prática, ou seja, não costumo falar muito de situações filosóficas como a importância dos deuses, mas sim, como esta filosofia nos pode ajudar a viver melhor.

A diferença básica entre o Yoga e os exercícios de ginástica comum está na consciência do momento presente pela atenção à respiração e nas mudanças energéticas e psíquicas proporcionadas pelas posturas.

 

E, para viver melhor, é preciso, em primeiro lugar, ter consciência da nossa forma de pensar porque é por pensarmos tanto e sem tréguas, que vivemos por detrás de “um muro de fumo” criado por realidades virtuais afastando‐nos do que é realmente importante porque perdemos a consciência do momento presente.

Precisamos travar os nossos pensamentos para ficarmos realmente em controlo das nossas vidas. É imperativo pararmos, nem que seja cinco segundos... e tudo começa aí, a transformar‐se...

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Créditos: Pigmenta Fotografia

4. Dentro do mundo do Yoga, fala‐se muito do Yoga Pure, do Yoga Tónico e do Yorganic. Pode falar‐nos um pouco mais dessas práticas?

Estes três conceitos de Yoga são visões mais urbanas do tradicional Yoga indiano, conhecido como sendo um Yoga mais intuitivo. Podem ser consideradas adaptações, evoluções do Yoga às nossas necessidades atuais.

As minhas aulas são mais adequadas a pessoas que gostam de estímulo físico, intenso, e de trabalho mental mais desafiante!

Yoga Pure O2:

É uma aula de Hatha Yoga que combina todos os elementos favoráveis à expansão corporal, transformando a prática de Hatha Yoga numa aula mais terapêutica, numa aula de Yogaterapia.

Se uma aula regular de Yoga deveria fazer‐se num ambiente com uma temperatura situada entre os 23 e 25 graus, no Yoga Pure O2 a temperatura sobe para os 30 graus, favorecendo a elasticidade dos tecidos permitindo a abertura necessária ao desenvolvimento do asana.

Esta aula especial será também equipada de um ionizador‐humidificador para manter o grau de humidade entre os 45 e os 65%. O oxigénio é filtrado e humidificado.

Quando o ar está muito seco, as vias respiratórias superiores não conseguem drenar e funcionar de forma adequada. A humidade adicionada pelo humidificador trabalha para reverter esse problema.

Yoga Pure O2 consiste numa forma de exploração das posturas clássicas do Yoga com foco no alinhamento e na expansão do corpo.

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Créditos: Bruno Barata

Yorganic:

Apresenta‐se em formato de 90 minutos, onde iremos redefinir a criação dos tradicionais asanas do Hatha Yoga tendo o corpo como veículo da nossa expansão individual.

Quando usamos os nossos músculos, os mesmos contraem de fora para dentro, criando força e resistência.

Iremos usar o potencial desta força orgânica natural e expandi‐la de dentro para fora, abrindo‐nos as possibilidades que a vida nos promete e a todo o potencial que o corpo humano, como veículo de crescimento consciente individual, nos oferece.

Do coração, que será o nosso centro de atenção, entendendo aqui, o nosso coração orgânico, e o coração físico levará esta energia vital para fora do corpo e irradiá‐la para todos os lados da nossa realidade física.

O corpo inteiro será o nosso único Dristhi, para os níveis mais subtis de prana da consciência universal.

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Créditos: Francisco Evangelista

Yoga tónico:

Práticas de 45 a 60 minutos, de alta performance física e mental onde irá trabalhar as posturas de forma a alinhar os seus Chakras e otimizar a sua forma física e energética.

Estas práticas que associam as diversas formas de Yoga ao trabalho corporal, baseando‐se em posturas psicofísicas e em exercícios respiratórios que promovem a energia, a performance física e o conhecimento do Eu.

A diferença básica entre o Yoga e os exercícios de ginástica comum está na consciência do momento presente pela atenção à respiração e nas mudanças energéticas e psíquicas proporcionadas pelas posturas.

As práticas de Yoga tónico são compostas por:

‐ Variações das posturas da tradicional Saudação ao Sol "B"

‐ Alinhamentos baseados nos métodos desenvolvidos por B.K.S. Iyengar e Anusara de John Friend

‐ Respiração consciente: Técnica Ujjayi e Bhandas.

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Créditos: Francisco Evangelista

5. Enquanto praticante de deporto, qual é o papel do yoga num corpo saudável e ativo e vice‐versa?

Sempre fui um desportista na alma, durante a minha adolescência pratiquei judo e ciclismo, badminton e ténis, algumas modalidades de atletismo e futebol.

Comecei a correr com 16 anos e nunca mais deixei esta modalidade! Hoje em dia, além de correr regularmente e de praticar Yoga, ainda faço body‐pump e outras modalidades fitness.

Ao longo do tempo tenho recebido muitas questões sobre a prática de desporto versus a prática de Yoga.

Como já  referi, as duas podem ser complementares. No desporto deparamo‐nos com um aspeto de competitividade que nos pode desmotivar e no Yoga encontramos muitas vezes um contentamento ligado ao desenvolvimento da autoconsciência.

Também se costuma praticar Yoga como complemento de outras práticas desportivas, ou quando não nos encaixamos em mais nada, confundindo‐se comumente com alongamentos e/ou aulas de streching.

Mas, no fundo, o Yoga (neste caso, o Hatha Yoga) é uma forma de recondicionar ao corpo e é uma preparação possível a atividades físicas mais radicais.

Antes de qualquer prática mais explosiva, dever‐se‐ia praticar Yoga para ganhar estrutura muscular e mobilidade, e desenvolver consciência corporal.

Quando não sabemos onde nos encaixamos (ou seja se gostamos de lançar em atividades mais explosivas por exemplo), o mais provável é encontrarmos no Yoga uma solução para atingir objetivos pessoais de bem‐estar.

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Créditos: Francisco Evangelista

6. Para aqueles que queiram começar a praticar yoga ou tenham começado recentemente, que conselhos pode dar?

Confunde‐se muitas vezes a prática de Yoga com a da meditação, quando me fala de Yoga suponho que se refira a aulas comuns que são no fundo práticas de Hatha Yoga (o yoga é um método, uma filosofia enquanto que o Hatha Yoga é um conjunto de ferramentas do Yoga).

O meu conselho seria de incentivá‐los a experimentar estilos diferentes da modalidade, e dentro de um mesmo estilo, vários professores.

A vontade de praticar yoga visa muitas vezes a responder a necessidades diferentes como a de criar foco para a mente, consciência corporal, uma rotina de manutenção para o corpo e ainda, como muitas vezes acontece, entender melhor o conceito de espiritualidade.

Existem várias formas de apresentar as práticas, tal como existem diferentes tipos de pessoas, as práticas são influenciadas pela personalidade do seu facilitador podendo ir de ritmos mais lentos e suaves aos mais rápidos e intensos.

O meu estilo seria mais este segundo... as minhas aulas são mais adequadas a pessoas que gostam de estímulo físico, intenso, e de trabalho mental mais desafiante!

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Créditos: Bruno Barata

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Apaixonado por content marketing e por futebol. Criar conteúdo com elevada qualidade e que faça os leitores querer voltar ao blog todos os dias é o meu maior objectivo. É o que me guia todos dias. Conseguir criar uma experiência imersiva e duradoura com os leitores seria como marcar um golo da final de uma competição europeia!
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