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O Caminho da Powerlifter Laoise Quinn Até Ao Topo

O Caminho da Powerlifter Laoise Quinn Até Ao Topo
Monica Green
Escritor2 anos Atrás
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Ficamos colados ao televisor assim que Wimbledon começa, partilhamos as histórias dos nossos atletas favoritos e assistimos entusiasmados quando ganham medalhas de ouro. O seu sucesso é uma inspiração tão forte que por vezes nos esquecemos de perguntar como chegaram onde estão. Onde começaram e as atribulações que encontraram pelo caminho.

Nesta série de entrevistas, O Caminho Para O Topo, perguntámos a alguns dos nossos embaixadores mais famosos e atletas mais inspiradores como chegaram ao sucesso. Nesta entrevista, a campeã mundial sub-junior de Powerlifting Laoise Quinn conta a sua história, da secção de cardio aos agachamentos com 147.5kg, tudo isto enquanto estudante a tempo inteiro.

“A melhor coisa que alguma vez fiz”

Como é claro, Laoise não começou por levantar mais do dobro do seu peso, começou (como muitos de nós) na secção de cardio. E aos 14 anos de idade, ir até à movimentada secção de pesos era uma ideia intimidante, embora tenha depressa superado o medo.

“Aborreci-me eventualmente de fazer cardio e fui para a secção de pesos. Estava muito assustada, porque no ginásio que frequentava na altura, as raparigas concentravam-se num dos lados, a fazer cardio, enquanto os rapazes estavam do outro lado, a treinar com pesos. Mas eu pensei ‘não importa, vou até lá’ e foi a melhor coisa que já fiz”.

Embora isso tenha acendido a sua paixão pelo treino com pesos, eventualmente fartou-se do seu plano de treino e quis fazer mais coisas. Por isso, juntou-se a uma equipa de powerlifting, e sentiu-se imediatamente em casa.

“Fui imediatamente tão bem recebida. Tinha feito desporto quando era mais nova, como ginástica, mas nunca tinha encontrado uma comunidade como encontrei com o powerlifting.”

Laoise confessa que “Era na verdade muito má quando comecei, mas encontrei uma treinadora e inscrevi-me numa competição e agora aqui estou eu, e acabei de ganhar o campeonato do mundo.”

“Ciclo de restrição e consumo descontrolado”

Contar calorias e macronutrientes pode ser difícil em qualquer idade, e ter de prestar atenção especial ao nosso peso por causa do desporto pode levar a maus hábitos alimentares.

Laoise estava a contar calorias aos 14 anos pelas razões erradas. A sua nutrição era baseada unicamente na sua aparência e diz que “tinha sem dúvida uma relação muito má com as calorias”.

“Passei por um ciclo de restrição e consumo descontrolado. Restringia imenso o meu número de calorias e aos fins de semana comia excessivamente.”“Afetou até coisas como estar com amigas e passarmos a noite a ver um filme e… lembro-me disto distintamente: havia uma taça de doces na mesa e as minhas amigas iam-nos comendo, um de quando em vez, e eu comia sem parar e pensava ‘como é que elas têm tanto autocontrolo que conseguem pegar apenas num quando lhes apetece e eu não consigo controlar-me?’”

“Comer bem para nos sentirmos bem”

Este momento com as amigas e ver o treino começar a ficar prejudicado foram dois momentos que mudaram a sua atitude.

“Estava a consumir muito poucas calorias e a ficar muito cansada durante o treino, pelo que precisei de aumentar esse número e a minha atitude gradualmente mudou para ‘fiquei cansada no treino hoje, portanto, preciso de algumas calorias extra, por isso vou comer mais para me ajudar nos treinos’.”

Laoise começou a educar-se e a descobrir inspiração através de pessoas que estavam a passar pelas mesmas coisas. Descobriu como usar a contagem de macronutrientes em sua vantagem, sem ficar obcecada. Começou a mudar.

“A primeira coisa que fiz foi aumentar o número de calorias e vi imediatamente grandes mudanças. Estava a alimentar-me a mim mesma e ao meu corpo, por isso já não sentia tantos desejos de todas as coisas de que abdicava e tinha mais margem de manobra na minha alimentação para incluir chocolate ao fim do dia. Agora, não passo um único dia sem chocolate, comi chocolate todos os dias até quando estava a preparar-me para o campeonato do mundo, não podia abdicar disso na minha vida – não quero viver uma vida sem hidratos de carbono ou chocolate!”

A sua atitude para com a comida transformou-se completamente. Explica que é agora capaz de compreender que é importante comer bem para se sentir bem, mentalmente e fisicamente.

“Comer bem para nos sentirmos bem é fundamental – é o que penso sempre. Como bem, e isso inclui quer vegetais, quer coisas de que gosto, como chocolate, também. Os vegetais fazem-me sentir bem por causa dos nutrientes e o chocolate faz-me sentir bem pelo sabor."

“Encontrei as minhas pessoas”

Por trás da maior parte dos campeões, há um sistema de suporte sólido. Para Laoise, os seus dois treinadores tiveram um impacto especialmente profundo.

“Quanto ao meu primeiro treinador, era muito nova quando comecei e, quando tinha faltas de confiança, ele encorajava-me sempre, dizendo ‘podes ir muito longe nisto, se continuares a fazer exatamente o que tens feito’. Por isso, penso que foi muito importante tê-lo na minha vida.Depois passei para um treinador diferente e ambos me apoiaram e fizeram-me acreditar que podia falar com eles se se passasse alguma coisa. Foram duas pessoas que aumentaram a minha confiança quando eu não tinha nenhuma.”

Laoise fala também sobre como abdicou de ritos de passagem adolescentes típicos, como sair para festas com amigas. Diz que as amigas a apoiaram muito em relação aos treinos, e que fez também através do powerlifting amigos para a vida inteira que partilham dos mesmos objetivos que ela.

“Eu não fazia as coisas que os meus amigos faziam, como sair e ir a festas, coisas desse tipo, porque sou muito disciplinada com os treinos, portanto sentia que estava a perder algumas coisas nesse aspeto. Mas à medida que me comecei a dedicar mais ao powerlifting, fiz amizades com pessoas que têm os mesmos valores que eu e que trabalham para os mesmos objetivos, portanto, é como se tivesse encontrado as minhas pessoas agora, e estamos todos a trabalhar para as mesmas coisas. É fantástico.”

“Ganhámos, pois”

Tudo isto em antecipação do grande momento. A sua vitória nos campeonatos do mundo.

É difícil imaginar a sensação de um momento como esse para quem nunca fez desporto profissional, e embora Laoise tenha uma aparência tranquila e calma, afirma que os nervos não deixaram de estar presentes.

“Estava tão nervosa antes dos agachamentos que não conseguia comer, e disse para os treinadores na sala de aquecimento ‘ponham alguma coisa na barra e se eu conseguir ótimo, se não paciência’.”

Depois de ter feito agachamentos com uns impressionantes 147kg, Laoise recompôs-se para o supino e lançou mãos ao trabalho. Foi então que se apercebeu de que tinha a vitória.

“Creio que foi depois do supino que olhei para o meu treinador, que é também o meu namorado, e disse ‘ganhámos?’ e ele respondeu ‘ganhámos pois’ e eu tremia e tentava não chorar porque ia começar os deadlifts em dois minutos e nem podia acreditar.”

Laoise acabou por levantar 77,7kg no supino e 155kg em deadlift antes de receber uma muito merecida medalha de ouro.

 

Mensagem final

Laoise tem apenas 18 anos e já teve de lidar com alguns desafios incrivelmente difíceis, e ganhou pelo caminho um título de campeã do mundo na categoria junior. Aos 18 anos, ainda falta uma parte do seu percurso até ao topo, mas estamos certos de que vai continuar a ganhar títulos nos próximos anos.

 

 

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Monica Green
Escritor
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