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Tom Stoltman, o Homem Mais Forte do Mundo | O Caminho Até Ao Topo

Tom Stoltman, o Homem Mais Forte do Mundo | O Caminho Até Ao Topo
Monica Green
Escritor2 anos Atrás
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20 de Junho de 2021. A data em que a Escócia celebrou o seu primeiro título de Homem Mais Forte do Mundo. A data em que o nome de Tom Stoltman ficou na história. E a data em que confirmou o seu lugar no Caminho Até Ao Topo.

Não é difícil de entender, portanto, que tenhamos convidado o Homem Mais Forte do Mundo para uma conversa sobre o seu percurso. O levantamento de um troféu é uma imagem bonita, mas não conta toda a história. Junta-te a nós enquanto falamos sobre o seu treino, nutrição, amor fraterno, refeições “de batota” que não são realmente batota e que papel teve o autismo na sua viagem até agora.

“Luke conhece-me perfeitamente”

Tom cresceu na pequena cidade de Invergordon, na Escócia. Invergordon tem uma população de cerca de 3900 pessoas, pelo que encontrar diferentes ginásios ou clubes desportivos para se inscrever foi difícil. Depois de jogar futebol por alguns anos, na escola, Tom ficou sob a alçada do seu irmão Luke e começou a levantar pesos no ginásio local. A partir desse dia, os irmãos Stoltman apoiaram-se sempre em tudo, e começaram a ganhar fama.

“Luke tem sido uma parte enorme da minha vida. Desde o primeiro dia que foi a pessoa com quem estive no ginásio e tem estado sempre ao meu lado desde então. Foi uma influência enorme e umas das grandes razões por que sou quem sou hoje.”

Ter Luke, que é sete anos mais velho, na sua equipa, beneficiou Tom grandemente. Luke tinha levantado pesos durante anos e pôde combinar um conhecimento avançado da modalidade com uma compreensão sem igual do seu irmão, o que levou a notáveis resultados.

“Luke conhece-me perfeitamente, por isso não é como um treinador pessoal, que tem de te perguntar uma série de coisas: ele já sabia tudo sobre mim”.

“Posso sempre garantir que tudo está a 100%”

Fãs do Strongman campeão já saberão que ele nasceu com autism -  uma desordem de desenvolvimento que afeta as interações sociais e a comunicação, muitas vezes caracterizada por padrões repetitivos de pensamento e comportamento.

Tom abre-se sobre a sua experiência com autismo regularmente, e descreveu-o no Instagram como “um superpoder”. Quando lhe perguntamos o que queria dizer com isso, explicou que tanto o ajudava como o prejudicava.

“Treinar para strongman é uma atividade baseada na rotina, e está em linha com o autismo. Como strongman, acordamos, comemos sempre à mesma hora, treinamos sempre à mesma hora, recuperamos – é sempre a mesma coisa. Por isso, consigo sempre garantir tudo a 100%, porque para mim é fácil cumprir.”

Como é evidente, há dias em que o seu autismo representa um desafio.

“Quando há uma alteração sem eu ter tido um aviso prévio alguns dias antes, ou se perco uma refeição, ou se estive em viagem e não pude comer tanto como o habitual ou preparar-me suficientemente, ou com entrevistas e coisas desse tipo, é aí que o autismo me afeta mais, porque entro em stress e começo a pensar demasiado. Alguns momentos são mesmo muito maus.”

Tom aprendeu a lidar com o autismo com a ajuda de pessoas como a mulher Sinead e a irmã, que trabalha ela própria com pessoas com autismo.

“Obviamente, não desaparece. Simplesmente, aprendi a lidar com isso. Mas ainda há dias em que é mais forte que eu e que me faz entrar em angústias e preocupações desnecessárias."

A sua mãe era uma das poucas pessoas em quem confiava quando estava numa fase difícil. Mas depois do seu falecimento, a sua mulher Sinead, com quem está desde os 18 anos, está sempre lá para dizer a coisa cerca no momento certo.

“Eu e a minha mulher Sinead fazemos uma equipa realmente excelente. Ela entende-me, não precisa de perguntar o que se passa, sabe exatamente qual é o problema. Quando vou entrar numa competição, sabe exatamente como cozinhar as minhas refeições. Ter alguém assim torna tudo muito fácil. Ela está na minha vida há 10 anos. Tem estado sempre junto a mim na viagem, vai a todas as competições e conhece-me completamente. Quando conhecemos uma pessoa assim, tudo é tão mais fácil.”

“As refeições de batota fazem parte da nossa dieta”

Se começaste a ler este artigo prevendo ouvir descrições de toneladas diárias de frango com arroz, nada pode estar mais longe da verdade. As refeições ‘de batota’ são uma parte chave do sucesso do Strongman. E Tom acredita que a nutrição em geral é o ponto central do treino de um Strongman.

“A nutrição é uma questão gigante. Podemos ir dois dias ao ginásio, mas, desde que comamos da forma certa, ganharemos qualquer competição. É isso que funcionou realmente a meu favor no campeonato do mundo. Não falhei uma única refeição – cumpri a minha dieta a 100% e os resultados mostraram-no.”

E qual é ao certo a dieta de Strongman de Tom?

“Quando estamos a 8 ou 10 semanas de uma competição, comemos 7000 a 8000 calorias, o que pode soar a muito, mas para um Strongman não é. São muitos ovos, carnes vermelhas, arroz, fruta e vegetais. Não tocava em massa ou nada desse género – só em refeições de batota.”

Mas quanto mais perto fica o dia da competição, mas as doses de comida aumentam.

“Quando estamos perto da competição, é aí que as refeições de batota são úteis – eu posso, por exemplo, fazer uma refeição de batota antes de uma sessão de treino, mais uma outra no fim de semana, mas tenho sempre 70 a 80 porcento de comida boa em mim também.”

Tom diz que a sua “pior dieta” foi na preparação para o Homem Mais Forte do Mundo este ano.

“O principal é alimentar o corpo e, por essa altura, eu estava a comer talvez 11000 ou 12000 calorias, vindas de todos os tipos de combustível – hambúrgueres, batatas fritas, lasanha, massa – alimentos integrais e cheios de hidratos de carbono, alimentos que mantinham as minhas reservas de energia no máximo, e fiz isso por uns 8 ou 9 dias.”

Descreve então a sua dieta à medida que o dia da competição se aproximava a passos largos.

“Quando estávamos a chegar perto do dia da competição, fazia um pequeno-almoço normal, comia um snack normal a meio da manhã, o almoço era frango com qualquer coisa, e a refeição antes do ginásio era a mais importante, era a refeição adicional, por exemplo um hambúrguer com batatas, e se não comemos dessa maneira, não vamos ter esse combustível.Se comermos essa refeição o treino será uns 60% mais eficiente que se estivéssemos a fazer a mesma dieta de um mês ou dois antes. Não temos realmente ‘refeições de batota’ – as refeições de batota fazem parte da nossa dieta.”

“A alimentação aumenta; o treino diminui”

Poder-se-ia inicialmente assumir que o treino seria frequente, especialmente à medida que uma competição se aproxima. Na verdade, é o oposto.

“O treino inverte-se de certa forma: a alimentação aumenta e o treino diminui. Assim, se a competição é em 8 dias e levantamos pesos até só faltarem 2, o corpo não vai poder estar completamente recuperado.”

Para nos descrever a sua preparação para Homem Mais Forte do Mundo, Tom afirma que...

“Para essa competição, por exemplo, fiz a preparação de 12 semanas, por isso, as primeiras 4 semanas foram dedicadas a volume, a pôr-me em forma e ao condicionamento, a ser capaz de levantar os pesos. As 4 semanas seguintes foram para treino de força, esquecemos as repetições, esquecemos o condicionamento, e focamo-nos apenas na força.Depois fizemos uma redução da carga, em que treinei com pesos muito leves para recuperar o corpo. As últimas 4 semanas foram assim – as primeiras duas foram uma mistura de condicionamento ou de força e nas últimas duas passei talvez dois dias por semana no ginásio, para trabalhar todos os pormenores.”

Embora Tom seja o Homem Mais Forte do Mundo, não deixa que o ego o oriente na sua forma de treinar, mas o cuidado com uma técnica e um repouso apropriados.

“Trainar da forma correta é muito importante. Reduzir a carga na altura certa, saber quando nos contermos na altura certa, não nos basearmos no ego.”

“Quero tentar ser o campeão em dois anos seguidos”

Tom tem todas as competições importantes para este ano já terminadas, e o seu grande foco para 2022 é reter o prémio de Homem Mais Forte do Mundo.

“Quero tentar ser o campeão em dois anos seguidos e quero ser consistente nas minhas competições no próximo ano. Este ano foi difícil competir no campeonato do mundo, e lidar com os media e com viagens. Não consegui voltar a uma rotina apropriada, e o Covid também dificultou tudo. Com sorte, vou terminar este ano, conseguir alguns resultados bons e, no próximo ano, cumprir o treino de novo à risca, dedicar-me ao campeonato do mundo e depois conseguir lugares cimeiros de forma consistente em todas as competições em que entro.”

Dito assim tudo soa fácil… E se 2021 nos deu um Tom Stoltman sem uma rotina apropriada, mal podemos esperar para ver o que consegue com uma.

 

Mensagem final

Tom é uma inspiração para toda a gente com dificuldades ocultas, e o seu percurso até Homem Mais Forte do Mundo mostra o poder da dedicação e da paixão. Vamos aguardar com entusiasmo a competição de 2022 para ver os seus resultados e vamos torcer por ele, para alcançar o estatuto de campeão em dois anos seguidos.

 

 

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Monica Green
Escritor
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