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Nutrição

O Índice de Massa Corporal | Um método simples mas limitado

O Índice de Massa Corporal | Um método simples mas limitado
Emily Wilcock
Escritor2 anos Atrás
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Comecemos com mais um acrónimo do mundo da nutrição desportiva: IMC. Provavelmente já o terás ouvido. As letras representam as palavras “índice de massa corporal” e, para pôr as coisas nos termos mais simples, trata-se de uma medida que classifica o nosso corpo de acordo com o peso e a altura. Fala-se muito deste critério e é objeto de controvérsia acesa. Mas qual a razão para isso?

Uma aparição regular neste espaço, o nutricionista e investigador na área da nutrição Richie Kirwan está connosco para explicar toda a informação a conhecer sobre o IMC. Mas primeiro, um alerta: a intenção não é persuadir-te a favor ou contra o IMC. Estamos aqui para analisar os factos e dizer-te quais são os defeitos do IMC como método, porque é tão usado e quando pode ser útil.

O que é?

O IMC é um conceito desenvolvido no século XIX, e a sua longevidade deve-se em grande parte à sua simplicidade. É uma forma de medir o peso de uma pessoa relativamente à sua altura. É muito simples de usar para qualquer pessoa. Considera o teu peso em quilogramas e divide-o pela tua altura em metros ao quadrado. É só isso.

Mas, como Richie confirma, o IMC por si só é quase inútil. Não nos diz nada. Mas não há que recear, é por isso que há toda uma série de categorias para agrupar os diferentes tipos de corpo com base no quanto o seu peso difere da média para uma dada altura.

A Organização Mundial de Saúde, a maior instituição médica global, definiu um IMC normal como estando situado entre os 18,5 e os 24,9.

 

Categoria IMC
Muito abaixo do peso Abaixo de 16.0
Abaixo do peso 16,0-18,5
Normal 18,5-24,9
Excesso de peso 24,9-29,9
Obesidade de classe 1 30,0-34,9
Obesidade de classe 2 35,0-39,9
Obesidade de classe 3 Mais de 40,0

 

Índices abaixo dos 18,5 são considerados um peso abaixo do normal, e acima de 24,9 fala-se em excesso de peso. Tudo o que supere os 30 é categorizado como obesidade, com três categorias distintas, dependendo do número.

Um problema que Richie aponta é o nome dado a estas categorias, e não a classificação em si mesma. Ninguém quer fazer as medições para ouvir que tem excesso de peso ou obesidade. Por isso, em vez destes nomes, mudá-los para algo neutro, como um número, poderia ser bom. Por exemplo, um IMC normal seria chamado Classe 0, em vez de excesso de peso falaríamos em Classe +1 e peso a menos seria considerado classe -1, e por aí fora. Mas não é de esperar que os nomes usados mudem no futuro próximo.

 

Como é usado

O IMC é usado para observar tendências em relação às categorias observadas. Por exemplo, quanto mais o IMC difere dos números normais em cada sentido, maior é o risco de problemas.

Isto não significa, é claro, que vamos sentir algum problema assim que cruzamos a fronteira para uma categoria diferente, mas significa que o risco aumenta. Por este motivo, o IMC pode ser útil como uma ferramenta rápida e fácil para identificar alguém com uma probabilidade acrescida de alguns tipos de condições, embora mais testes devam ser feitos depois.

 

É uma boa medida?

O IMC é muito amplamente usado por ser um método tão simples. É fácil fazer o cálculo, não há necessidade de equipamento dispendioso e, de um modo geral, a sua relação com o nosso bem-estar é real, ou pelo menos com riscos para o nosso bem-estar.

Mas a questão é que o IMC não é uma forma de diagnosticar quanta gordura corporal alguém tem ou de analisar a forma como esta gordura se distribui pelo corpo. E não é uma forma de categorizar alguém como saudável ou não.

 

Limitações do IMC

Na categoria “normal” encontram-se muitas vezes pessoas com níveis normais de músculos e de gordura. Mas não é apenas a elas que a classificação abarca.

Há também pessoas com pouco tecido muscular e altos níveis de gordura corporal, o que é muitas vezes chamado “magro gordo”, ou, em termos mais técnicos, “obesidade sarcopénica”. O termo “sarcopénico” refere-se a baixos níveis de massa muscular, e "obesidade" refere-se a altos níveis de gordura. Este é um tipo pouco saudável de composição corporal, mas, porque está muitas vezes na categoria “normal”, está fora das classificações de risco.

Do outro lado desse espectro, estão muitos atletas com níveis altos de massa muscular e pouca massa gorda. Mas, como os músculos pesam mais que a gordura, são sobretudo categorizados como obesos, quando de facto podem estar numa condição física incrível.

E um nível maior de gordura corporal não significa necessariamente uma pessoa menos saudável. Há algo conhecido como “obesidade metabolicamente saudável”. Isto acontece quando o IMC está na categoria da obesidade devido a altos níveis de gordura, mas os problemas metabólicos associados com a obesidade estão ausentes. Dito isto, esta situação não é comum e as pessoas correm ainda assim um risco mais alto de vir a desenvolver problemas no futuro.

Outro problema do IMC é que pode levar ao estigma, à discriminação em pensamentos ou ações contra pessoas devido ao seu peso. Por exemplo, se alguém com um alto IMC for ao médico devido a um problema, este pode ser atribuído ao seu peso e ser-lhe dito que precisa de emagrecer para melhorar. Isto pode levar a que alguns problemas não sejam devidamente investigados ou testados, e a que o problema real não seja tratado.

 

Alternativas

Já referimos os problemas com o IMC, e não queremos apontar as suas falhas sem propor uma solução.

Richie sugere que a proporção cintura-ancas ou cintura-altura seja usada juntamente com o IMC. Isto dá uma ideia mais exata de onde e como a gordura corporal está acumulada. Se alguém tem muita gordura acumulada na cintura, o que é conhecido como gordura abdominal, corre risco acrescido de problemas cardiometabólicos.

Em alternativa, pode ser usada a absorciometria por raio-X de dupla energia, ou DEXA, do inglês dual-energy X-ray absorptiometry. Esta é uma técnica que usa raios-X para medir a composição corporal. Podem ser obtidas medições precisas da massa muscular e percentagem de gordura corporal, assim como dados quanto à forma como a gordura corporal está armazenada. Tudo isto é muito mais útil para um profissional médico que o IMC. A parte negativa é que se trata de um procedimento dispendioso.

 

Mensagem final

O IMC é uma ferramenta útil e básica que nos permite analisar como o peso corporal está relacionado com a saúde da população em geral. Mas é importante compreender que se trata de uma ferramenta limitada e que não é útil para obter uma ideia completa da condição física de uma dada pessoa. O índice de massa corporal deve ser, por isso, usado com algum cuidado. Não pode ser tomado como uma palavra final ou factor determinante.

 

After completing an internship with Myprotein, Emily returned to university to finish her Bachelor of Science degree in Business Management and Marketing. With experience in lifestyle writing, Emily aims to entertain and educate through her work. Her focuses include recipes, real and inspiring stories, and working with writers to help provide easy-to-digest evidence-based research. Her work on recipes has been previously featured in The Supplement magazine, with a particular focus on high-protein, nutritious meals, plus advice on how to properly fuel your body. Outside of work, Emily’s top priority is food. She’s a self-professed star baker and a connoisseur of all things baked. In her spare time, she’s either cooking up a storm, our looking out for the opportunity to try out Manchester’s newest restaurants. But as a huge fan of carbs, if it’s not pasta or pasta-adjacent, she’s not interested. If she’s not in the kitchen, she’s tucked up with a book for an early night, or you’ll find her in the gym working up a sweat. Afterall, all those carbs require quite the appetite.
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